quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O Iconoclasta GORE VIDAL


por Bill Trott e Bob Tourtellotte 


LOS ANGELES, 1 Ago (Reuters) - O escritor Gore Vidal, que encheu seus romances e ensaios com observações agudas sobre política, sexo e cultura nos Estados Unidos, e que travou duras disputas com rivais literários de alto nível, morreu na terça-feira na sua casa, em Los Angeles, em decorrência de complicações de uma pneumonia. Ele tinha 86 anos.
O legado literário de Vidal inclui uma série de romances históricos - "Burr", "1876", "Lincoln" e "Era Dourada" --e também a grotesca comédia sexual de "Myra Breckinridge".
Vidal começou a escrever aos 19 anos, quando servia como soldado no Alasca e usou suas experiências da Segunda Guerra Mundial como base para "Williwaw". Seu terceiro livro, "A Cidade e o Pilar", causou sensação em 1948, por ter um homossexual assumido como protagonista.
Ao confirmar sua morte, o site oficial do escritor publicou duas fotos dele, uma como jovem primeiro-sargento durante a Segunda Guerra Mundial, e a outra como o iconoclasta escritor que ele se tornaria.
Cáustico e ególatra na mesma proporção em que era elegante e brilhante, Vidal conviveu com alguns dos grandes escritores da sua época, e também bateu cabeça com vários deles. Considerava Ernest Hemingway uma piada, e comparava Truman Capote a um "animal imundo que conseguiu entrar na casa".
Mas seus maiores inimigos literários foram o guru conservador William F. Buckley Jr. e o romancista Norman Mailer, a quem Vidal certa vez comparou ao assassino fanático Charles Manson.
Mailer deu uma cabeçada em Vidal antes de uma aparição televisiva, e em outra ocasião o atirou no chão.
Com Buckley, o bate-boca chegou a ser transmitido ao vivo para todo o país, quando ambos comentavam a Convenção Nacional Democrata de 1968. Vidal acusou Buckley de ser um "pró-criptonazista", e Buckley chamou Vidal de "queer" (algo como "bicha louca") e ameaçou socá-lo.
Vidal nunca pareceu fazer questão de controlar seu abundante ego. Numa entrevista de 2008 à revista Esquire, Vidal disse que as pessoas sempre ficaram impressionadas por ele ter conhecido tanta gente famosa, de Jacqueline Kennedy a William Burroughs.
"As pessoas sempre colocam essa frase ao contrário", disse ele. "Quer dizer: por que não colocar da forma verdadeira: que essas pessoas vieram a me conhecer, e queriam isso?"
Entrevista de Gore Vidal: Raio X do Império Americano

Ronald Reagan combateu a União Soviética chamando-lhe o “Império do Mal”. Para Gore Vidal, o “Império do Mal” não desapareceu com a queda do comunismo: está bem e vive nos Estados Unidos da América, onde foi criado há 50 anos, no momento em que foi liquidada a velha e boa república. Mas claro que há de ter o seu fim. Tudo tem o seu fim, como a raça humana, que pode muito bem ser uma coisa passageira sobre a terra. Uma conversa cheia de otimismo.
Continue com a ENTREVISTA 

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