quarta-feira, 18 de julho de 2012

RUY CASTRO: Fã de botequim


O jornalista e escritor Ruy Castro deixou a vida noturna para privilegiar a literatura, mas nem por isso abandonou o gosto pela comida de boteco, gordurosa e apimentada

Por Cláudio Fragata
O jornalista e escritor Ruy Castro não quer ser um gourmet. Prefere botecos a restaurantes e gosta mesmo de comida "heavy metal", com muita gordura e pimenta. No entanto,em seus bons tempos de boemia, nas décadas de 60 a 80, a principal atração dos bares, boates e restaurantes que frequentava no Rio - como os antológicos Antonio's, Jangadeiros, Veloso, Zepelim, Lamas, Helsingor e outros que marcaram a noite carioca - era a qualidade do papo das pessoas que não saíam deles. Além das musas, claro. Dono de um estilo inconfundível, que equilibra informação, humor e ironia, Ruy iniciou a carreira jornalística em 1967, como repórter do Correio da Manhã, no Rio de Janeiro, passando em seguida por algumas das principais redações do país, como as de Manchete, Jornal do Brasil e, desde o primeiro número, do célebre semanário O Pasquim, resistência de inteligência e do humor contra a ditadura militar. Marcou também a imprensa paulista, atuando na Playboy, Folha de S,Paulo, Estadão etc. Hoje é colunista da Folha, escrevendo às 2as., 4as., 6as. e sábados. 
    Ruy se mudou para São Paulo em 1979 e logo descobriu o roteiro da boemia, frequentando do Spazio Pirandello ao 150 Night Club, da Baiúca ao Bar do Alemão, chegando até a ser homenageado no menu do Pauliceia 22 com a "sopa de aspargos à Ruy Castro". Já bebeu muito - diz ele que, com o primeiro salário, comprou um LP importado do jazzista Fats Waller e uma garrafa de Red Label -, até perceber que havia desenvolvido dependência, da qual só saiu com internação clínica, em 1988. E, desde então, nunca mais bebeu uma gota de álcool. 
    Em 1996 voltou para o Rio, de cujos becos, ruas e avenidas é íntimo. Foi na década de 90 que começou a escrever biografias que ficaram clássicas, como as de Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Mesmo sem beber, Ruy continua gostando de botequins, mas agora em horários mais vespertinos. E ainda dorme tarde, mas porque gasta suas madrugadas assistindo a clássicos do cinema em DVD. 
    É casado há mais de 20 anos com a escritora Heloísa Seixas, que gosta de fotografar Ruy se deliciando à mesa dos lugares a que vão. Recentemente ele realizou uma de suas maiores fantasias gastronômicas: traçou uma buchada de cabrito acompanhada de feijão-de-corda, maxixe e pirão, na Barraca da Chiquita, na Feira dos Nordestinos, no bairro de São Cristóvão. "Só não comi tudo porque fiquei com medo de morrer - estava absolutamente genial!", confessa. A cena pantagruélica foi devidamente registrada pelas lentes de Heloísa. 
Há alguma "história gastronômica" curiosa relacionada aos personagens que biografou: Carmen Miranda, Nelson Rodrigues, Garrincha e o pessoal da bossa nova? 
Com quem já teve a honra de dividir a mesa? 
Qual a maior dificuldade para reconhecer o limite entre o "beber por prazer" e o alcoolismo? 
Qual a cena que mais presenciou na mesa de um bar ou restaurante...?

Iiiih, isso vai entrar pela MADRUGADA

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