quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"BRUZUNDANGAS"


Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro a 13 de maio de 1881 e morreu na mesma cidade a 1.° de novembro de 1922. Filho de um tipógrafo da Imprensa Nacional e de uma professora pública, era mestiço de nascença e foi iniciado nos estudos pela própria mãe, que perdeu aos 7 anos de idade. Fez seus primeiros estudos e, pela mão de seu padrinho de batismo, o Visconde de Ouro Preto, ministro do Império, completou-os no Ginásio Nacional (Pedro II), entrando em 1897 para a Escola politécnica, pretendendo ser engenheiro. Teve, porém, de abandonar o curso para assumir a chefia e o sustento da família, devido ao enlouquecimento do pai, em 1902, almoxarife da Colônia de Alienados da Ilha do Governador. Nesse ano, estréia na imprensa estudantil. A família muda-se para o subúrbio do Rio de Janeiro, Engenho de Dentro, onde o futuro escritor resolve candidatar-se a um cargo vago na Secretaria da Guerra, mediante concurso público, tendo passado em 2.° lugar e ocupado a vaga, por desistência do 1.° colocado, 1903.


BALCÃO DE NEGÓCIOS

"Bruzundangas" é um livro malcriado. Carregado de ironias, diretas & indiretas, porradas & sutilezas, Lima não perdoa políticos e a desprezível política de compadrio, arranjos e pistolões da "velha/nova república". O descaso com o erário, a gastança com o supérfluo, a marginalidade a que o povo é relegado são os intragáveis acepipes que Lima Barreto empurra goela abaixo da oligarquia empoleirada em cargos públicos, ostentando diplomas, títulos nobiliárquicos e um desolador vazio existencial. Algo em comum com a realidade de hoje?
Verifiquem nos textos selecionados, de confrades e retirados da imprensa, se há diferença ética nas práticas da velha oligarquia para atual república da bargantaria."
Tendo a sua saúde declinada mês a mês, agravada pelo reumatismo, pela bebida e outros padecimentos, Lima Barreto morre em 1.° de novembro de 1922, vitimado por um colapso cardíaco. Em seus braços, é encontrado um exemplar da Revue des Deux Mondes, sua preferida e que estivera lendo. Dois dias depois é a vez de seu pai. Encontram-se sepultados no cemitério de São João Batista, onde o escritor desejou ser enterrado.

Lima Barreto tem sido alvo de estudos, tanto no Brasil como no exterior. Suas obras, romances e contos, têm sido traduzidos para o inglês, francês, russo, espanhol, tcheco, japonês e alemão. Teses de doutoramento o tiveram como tema nos Estados Unidos e na Alemanha. Congressos e conferências foram realizadas em todo o Brasil, por ocasião do seu centenário de nascimento (1981), resultando inúmeros livros publicados, entre ensaios, bibliografias e estudos psicológicos do autor e sua obra. Há, presentemente, um desabrochar de interesse entre os novos escritores brasileiros em favor da obra de Lima Barreto, tido como o pioneiro do romance social, e cuja produção literária - vasta, em proporção ao número de anos que viveu - ganha, a cada dia, o merecido destaque que lhe é devido.

SAIBA MAIS:

http://www.casalimabarreto.com/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=8&Itemid=13

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Criação e Arte - Capas de Livros
Caricatura do escritor tendo ao fundo antigo prédio do Hospital Nacional dos Alienados, no Rio de janeiro.

Contatos:

2 comentários:

Jornal Vaia disse...

Obrigado pela indicação, João.
Gostei muito do blog. Parabéns.
Abraço,
Fernando Ramos
editor do jornal Vaia

Horácio disse...

Muito legal caro Netto, mesmo antes da ropaugem nova eu já tinha bisbilhotado o PicnezBlog. O artista sente, escolhe e manipula as palavras, as organiza para que produzam um efeito que vá além da sua significação objetiva, procurando aproximá-las do imaginário.
arabéns e sigamos no mundo literário.


Um abraço,

horácio lima
sampa

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