sexta-feira, 6 de março de 2015

GARCÍA MÁRQUEZ e os que tiveram o prazer de lê-lo.


EM 87 anos, Gabriel García Márquez pôde transformar a América Latina, a literatura, e todos os que tiveram o prazer de lê-lo.

por Midori Hamada

CARLOS FUENTES, escritor mexicano, conta que em 1966 quando voltava de um balneário em Acapulco, García Márquez alcançou a inspiração para escrever o romance que ruminava há mais de uma década. Abandonou o emprego, e se dedicou inteiramente por 18 meses, oito horas todos os dias nas páginas de Cem Anos de Solidão, que retrata a fantasista infância de Gabriel García Márquez. Cada personagem carrega uma mistura das particularidades da família e conhecidos de Gabriel, desde a febre da banana que se alastrou pela região de Aracataca e trouxe seu pai, um imigrante sonhador e aventureiro, assim como José Acardio Buendía, que via nos bananais a chance que também viam os estrangeiros que chegavam a Macondo. Seu avô coronel, um dos fundadores da cidade de Aracataca, recebia seus antigos soldados e companheiros militares em casa como o fazia o coronel Aureliano Buendía. Ursula Iguarán se inspira em Tranquilina, que não apenas empresta o apelido Ursula para a personagem como também a própria personalidade. E não se pode esquecer a casa dos Buendía, que por si só já é um gigantesco protagonista baseado no casarão dos avós, e que se lembra G. Márquez : “En cada rincón había muertos y memorias, y después de las seis de la tarde la casa era intransitable. Era un mundo prodigioso de terror (...) En esa casa había un cuarto desocupado donde había muerto la tía Petra. Había un cuarto donde había muerto el tío Lázaro. Entonces, de noche no se podía caminar en esa casa porque había más muertos que vivos”.


► Em 1982, recebe o Prêmio Nobel de Literatura, o qual estava sendo disputado com grandes nomes europeus da literatura, o escritor inglês Graham Greene e o alemão Günther Grass. No recebimento do prêmio, discursou “A Solidão da América Latina” e cantou seu amor dizendo: “Ouso dizer que é esta desproporcional realidade, e não apenas sua expressão literária, que mereceu a atenção da Academia Sueca de Letras. Uma realidade não de papel, mas que vive dentro de nós e determina cada instante de nossas incontáveis mortes de todos os dias, e que nutre uma fonte de criatividade insaciável, cheia de tristeza e beleza, da qual este errante e nostálgico colombiano não passa de mais um, escolhido pelo acaso. Poetas e mendigos, músicos e profetas, guerreiros e canalhas, todas as criaturas desta indomável realidade, temos pedido muito pouco da imaginação, porque nosso problema crucial tem sido a falta de meios concretos para tornar nossas vidas mais reais. Este, meus amigos, é o cerne da nossa solidão.


O nostálgico colombiano escolhido ao acaso foi capaz de distorcer maravilhosamente a existência e transparecer as superstições e dores de uma maneira, que mesmo em mundos fantasiosos e imaginários, tudo ainda é perfeitamente real e palpável. Gabriel retirou de cada aspecto factual camadas enrijecidas de significados rasos e controláveis, e procurou expor antes de tudo uma beleza extraordinária através de cesuras no que é simplesmente humano.

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Gabriel García Márquez aposentou-se em 2009, mas continuou morando  na Cidade do México e nesse mês de março de 2015 completaria 87 anos. Àquele que foi atento e sensível às suas raízes, dando valor aos heróis particulares de sua vida, celebrando-os e marcando-os imortais dentro de suas pequenas importâncias e grandes existências, parabéns.
"...e que em qualquer lugar que estivessem se lembrassem sempre de que o passado era mentira, que a memória não tinha caminhos de regresso, que toda primavera antiga era irrecuperável e que o amor mais desatinado e tenaz não passava de uma verdade efêmera." Cem anos de solidão,Gabriel García Márquez.




domingo, 26 de agosto de 2012

NOAM CHOMSKY - A política na cabeça do revolucionário linguista americano.


NOAM CHOMSKY (1928) é professor e ativista político norte-americano. Tornou-se conhecido por suas críticas contra a política externa americana. É professor do Massachusetts Institute of Technology. Desenvolveu uma teoria que revolucionou o estudo da linguística.
NUNCA FOI MARXISTA, muito menos leninista: ele sabia que havia brutalidade também do lado soviético. Desenvolveu ainda um senso agudo de leitor: para ele, pensadores marxistas como o húngaro Georg Lukács (1885-1971) não lhe soavam profundos, mas confusos. A clareza e a simplicidade de Noam Chomsky lhe parecem marcas essenciais das grandes idéias. Daí sua admiração por Dwight MacDonald, o ficcionista inglês George Orwell (1903-1950), e Bertrand Russell (1872-1970).
Para ele, CAPITALISMO É UM MERCANTILISMO CORPORATIVO , CONTROLADO POR EMPRESAS AJUSTADAS COM GOVERNOS, que sempre intervêm a favor do capital, apesar da fantasia do livre mercado (inexistente, diz ele, nos Estados Unidos e em toda parte), e que exercem controle sobre a economia, a política, a sociedade e a cultura. Seu inimigo é o poder do capital e do Estado. Para ele, “OS INDIVÍDUOS É QUE DEVEM SER A MEDIDA DAS COISAS”.


Conferenciando para centenas de jovens na Austrália, metendo o bedelho nas crises do Oriente Médio ou escrevendo um artigo de linguística, aí está Avram NOAM CHOMSKY, temperamento eremita, que preferiria ficar quieto em seu canto, mas vive militando pelo mundo, denunciando o poder e espalhando solidariedade.

Sobre a responsabilidade dos Intelectuais, Chomsky lembra que, 20 anos antes, lera um texto decisivo em sua formação, de Dwight MacDonald (1906-1982), jornalista de esquerda que formulava perguntas como: “Até que ponto os britânicos e americanos somos responsáveis pelos aterrorizantes bombardeios sobre civis, executados como uma simples técnica por nossas democracias ocidentais culminando em Hiroshima e Nagasaki, certamente um dos mais indizíveis crimes da história?”.
Foi com essa inspiração que Chomsky construiu o que, para ele, era a tarefa central dos intelectuais: “Os intelectuais têm condições de denunciar as mentiras dos governos e de analisar suas ações, suas causas e suas intenções escondidas. É responsabilidade dos intelectuais dizer a verdade e denunciar as mentiras”. Era o ano de 1967, e os Estados Unidos estavam em guerra com o Vietnã.
Politicamente, Chomsky se define como anarquista. Mas ele tem uma visão própria do termo. Para ele, anarquismo é a convicção de que a obrigação de se explicar é sempre da autoridade, e que esta deve ser destituída caso não consiga fazê-lo. Trata-se de posição não ortodoxa, não partidária e certamente anticomunista, mas pela esquerda.

FONTE: Pesquisas sobre Chomsky na internet. 

FRASES DE NOAM CHOMSKY

UMA SUPER ENTREVISTA COM PERGUNTAS DE RENOMADOS ARTISTAS E JORNALISTAS INTERNACIONAIS COM NOAM CHOMSK

sábado, 4 de agosto de 2012

JORGE AMADO - 100 Anos



Um dos maiores protagonistas da literatura brasileira, Jorge Amado é um escritor atemporal. Sua obra está publicada em mais de cinquenta países, sendo adaptada para o rádio, cinema, televisão e teatro, transformando seus personagens em parte indissociável da vida cultural brasileira.
As comemorações do centenário do escritor já começaram. Uma série de eventos está sendo acompanhada e divulgada por uma seleção de especialistas e pessoas próximas ao romancista. Esta comissão aprova e acompanha acontecimentos que envolvem desde livros inéditos, filmes e peças, além das homenagens ao escritor no carnaval de 2012.

 

 O primeiro e o último livro do amado “grapiúna”.

 

O país do Carnaval

Romance, 1931 | Posfácio de José Castello
Primeiro romance de Jorge Amado, O país do Carnaval faz um retrato crítico e investigativo da imagem festiva e contraditória do Brasil, a partir do olhar do personagem Paulo Rigger, um brasileiro que não se identifica com o país. 
     Filho de um rico produtor de cacau, Rigger volta ao Brasil depois de sete anos estudando direito em Paris. Num retorno marcado pela inquietação existencial, ele se une a um grupo de intelectuais de Salvador, com o qual passa a discutir questões sobre amor, política, religião e filosofia. Dúvidas sobre os rumos do país ocupam o grupo.
     O protagonista mantém uma relação de estranhamento com o Brasil do Carnaval, acredita que a festa popular mantém o povo alienado. Os exageros e a informalidade brasileira são motivo de espanto, apesar de a proximidade com o povo durante as festas nas ruas fazer com que ele se sinta verdadeiramente brasileiro. Aturdido pelas contradições, Rigger decide voltar para a Europa.
     Mestiçagem e racismo, cultura popular e atuação política são alguns dos temas de Jorge Amado que aparecem aqui em estado embrionário. Brutalidade e celebração revelam-se, neste romance de juventude, linhas de força cruciais de uma literatura que se empenhou em caracterizar e decifrar o enigma brasileiro.

O milagre dos pássaros

Conto, 1979 | Posfácio de Ana Miranda
Aconteceu na localidade de Piranhas, em Alagoas, às margens do rio São Francisco. Ali moravam o capitão Lindolfo Ezequiel e sua mulher, Sabô. O capitão era famoso por sua atividade de pistoleiro e por ser casado com a mulher mais desejada da região, o que lhe exigia vigor físico e o exercício da fama de matador.
     Certo dia, chegou ao lugar Ubaldo Capadócio, caboclo alto e de boa estampa que se destacava nas artes da literatura e da música popular: era autor de folhetos de cordel e, num forrobodó, tocava harmônica como ninguém. O poeta era requisitado nos quatro cantos para animar batizados, casamentos e até velórios. Além disso, era dado ao galanteio: arrebatava corações e mantinha duas famílias, uma na Bahia, outra em Sergipe, tinha três esposas e nove filhos.
     Em Piranhas, Ubaldo Capadócio caiu de amores pela mulher de Lindolfo Ezequiel. Desavisado, foi parar na cama de Sabô. E o capitão, que estava de viagem, voltou antes da hora. Para se safar dessa enrascada e virar tema de relato afamado, Ubaldo Capadócio precisou contar com a presença de numerosas testemunhas, muitos pássaros e uma ajudinha da Providência.
     Em O milagre dos pássaros, Jorge Amado transforma uma história consagrada oralmente em matéria literária. Narrativa breve, entre o conto e a novela, o texto é um episódio de traição e desonra típico da tradição popular do sertão nordestino.
     Com o humor e a habilidade narrativa que lhe são próprios, o escritor recupera e eterniza esse caso desabusado que ganhou a boca do povo e correu o sertão.



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O Iconoclasta GORE VIDAL


por Bill Trott e Bob Tourtellotte 


LOS ANGELES, 1 Ago (Reuters) - O escritor Gore Vidal, que encheu seus romances e ensaios com observações agudas sobre política, sexo e cultura nos Estados Unidos, e que travou duras disputas com rivais literários de alto nível, morreu na terça-feira na sua casa, em Los Angeles, em decorrência de complicações de uma pneumonia. Ele tinha 86 anos.
O legado literário de Vidal inclui uma série de romances históricos - "Burr", "1876", "Lincoln" e "Era Dourada" --e também a grotesca comédia sexual de "Myra Breckinridge".
Vidal começou a escrever aos 19 anos, quando servia como soldado no Alasca e usou suas experiências da Segunda Guerra Mundial como base para "Williwaw". Seu terceiro livro, "A Cidade e o Pilar", causou sensação em 1948, por ter um homossexual assumido como protagonista.
Ao confirmar sua morte, o site oficial do escritor publicou duas fotos dele, uma como jovem primeiro-sargento durante a Segunda Guerra Mundial, e a outra como o iconoclasta escritor que ele se tornaria.
Cáustico e ególatra na mesma proporção em que era elegante e brilhante, Vidal conviveu com alguns dos grandes escritores da sua época, e também bateu cabeça com vários deles. Considerava Ernest Hemingway uma piada, e comparava Truman Capote a um "animal imundo que conseguiu entrar na casa".
Mas seus maiores inimigos literários foram o guru conservador William F. Buckley Jr. e o romancista Norman Mailer, a quem Vidal certa vez comparou ao assassino fanático Charles Manson.
Mailer deu uma cabeçada em Vidal antes de uma aparição televisiva, e em outra ocasião o atirou no chão.
Com Buckley, o bate-boca chegou a ser transmitido ao vivo para todo o país, quando ambos comentavam a Convenção Nacional Democrata de 1968. Vidal acusou Buckley de ser um "pró-criptonazista", e Buckley chamou Vidal de "queer" (algo como "bicha louca") e ameaçou socá-lo.
Vidal nunca pareceu fazer questão de controlar seu abundante ego. Numa entrevista de 2008 à revista Esquire, Vidal disse que as pessoas sempre ficaram impressionadas por ele ter conhecido tanta gente famosa, de Jacqueline Kennedy a William Burroughs.
"As pessoas sempre colocam essa frase ao contrário", disse ele. "Quer dizer: por que não colocar da forma verdadeira: que essas pessoas vieram a me conhecer, e queriam isso?"
Entrevista de Gore Vidal: Raio X do Império Americano

Ronald Reagan combateu a União Soviética chamando-lhe o “Império do Mal”. Para Gore Vidal, o “Império do Mal” não desapareceu com a queda do comunismo: está bem e vive nos Estados Unidos da América, onde foi criado há 50 anos, no momento em que foi liquidada a velha e boa república. Mas claro que há de ter o seu fim. Tudo tem o seu fim, como a raça humana, que pode muito bem ser uma coisa passageira sobre a terra. Uma conversa cheia de otimismo.
Continue com a ENTREVISTA 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Esperando os diários de Beckett



Considerado o maior nome do chamado Teatro do Absurdo, o irlandês Samuel Beckett possui vida e obra realmente singulares. Poeta, romancista e dramaturgo, Beckett é único por ter escrito e publicado em duas línguas – o inglês e o francês – uma obra definitiva para a literatura mundial e, certamente, o único Nobel de Literatura nestas circunstâncias (prêmio que recebeu em 1969). É também lembrado por ter sido amigo e secretário de James Joyce, o maior nome das letras irlandesas.



Por Simone de Mello

"Diários Alemães" de Samuel Beckett, que completaria 100 anos em 13 de abril, só foram lidos por poucos pesquisadores. Um livro descreve a passagem do jovem escritor irlandês ainda desconhecido pela Berlim nazista da década de 30.
O centenário de nascimento de Samuel Beckett voltou a chamar atenção dos alemães para um capítulo relativamente desconhecido da biografia do escritor irlandês: sua viagem de estudos de seis meses pela Alemanha nazista em 1936–37.
Durante sua estadia, Beckett escreveu diários minuciosos sobre o longo itinerário por um país onde já estivera algumas vezes no final da década de 20, em visitas ao tio William Sinclair,marchand residente em Kassel.
Não é por falta de curiosidade dos leitores que esta estadia de Beckett na Alemanha se manteve desconhecida do grande público. Fato é que os chamados German Diaries, por serem documentos pessoais, não podem ser publicados segundo o desejo do próprio escritor, cumprido pelo administrador de seu espólio, o sobrinho Edward Beckett.
Apenas pesquisadores têm acesso aos documentos, divulgados somente em 1996, pela biografia de Beckett escrita por James Knowlson.
Além do diário de Hamburgo, publicado em fragmentos numa edição limitada de 150 exemplares em 2003, com o título de Alles kommt auf so viel an (Tudo depende de tanta coisa), pela autora e editora Roswitha Quadflieg, na tradução de Erika Tophoven, o texto se mantém inacessível ao grande público.
Quadflieg e Tophoven são autoras de duas publicações recentes da passagem de Beckett por Hamburgo e Berlim, respectivamente: Beckett was here: Hamburg im Tagebuch Samuel Beckett von 1936 (Beckett esteve aqui: Hamburgo no diário de Samuel Beckett de 1936. Hamburgo: Hoffmann und Campe Verlag, 2006) e Becketts Berlin (A Berlim de Beckett. Berlin: Nicolaische Verlagsbuchhandlung, 2005).

Viagem sentimental pela Alemanha


Hamburgo, Braunschweig, Berlim, Halle, Weimar, Erfurt, Naumburg, Leipzig, Dresden, Freiberg, Bamberg, Würzburg, Nurembergue, Regensburg, Munique. A longa viagem estendida durante 24 semanas, apesar de problemas de saúde do jovem escritor de 30 anos, revela o interesse de Beckett por um país cuja língua ele aprendera como autodidata, mas pretendia dominar melhor, e cujas capitais culturais o atraíam por suas coleções de arte.
Após ter escrito Murphy, um romance que viria a ser publicado só em 1938, Beckett decidiu fazer sua expedição pela Alemanha. Para alguns estudiosos, este era um momento de desorientação, considerando as dúvidas do escritor sobre seu futuro literário, e de impasse, após o fim de um relacionamento.
Além disso, também havia a indefinição de onde se estabelecer, diante do desejo de abandonar Dublin e a falta de vontade de retornar a Paris, cidade para a qual mudaria definitivamente um ano depois. Mas também Beckett sabia que, com a ascensão do nazismo, a Alemanha se tornaria cada vez mais inacessível aos estrangeiros. Esta era a grande oportunidade para ver de perto tudo o que os museus alemães abrigavam.

Escritor desconhecido em cidade com dias contados

Bert Lahr e E.G. Marshall, em 1956, numa apresentação de 'Esperando Godot' no Golden Theater, em Nova York

Ao contrário de sua estadia em Hamburgo, onde se viu cercado de artistas e interlocutores explicitamente avessos ao regime nazista, Beckett se manteve relativamente isolado em Berlim, apenas em contato esporádico com pessoas fora de seu círculo intelectual.
A maior parte das seis semanas passadas na capital alemã, de dezembro de 1936 a janeiro de 37, ele dedicou à visita sistemática dos acervos de arte e arqueologia da Ilha dos Museus.
Beckett captou muito bem o clima que pesava sobre a Alemanha, embora seja difícil de saber até que ponto ele conseguia avaliar o alcance que o nazismo viria a ter. Naquele momento, muitos intelectuais alemães, inclusive Thomas Mann, ainda achavam que o regime de Hitler cairia por si só em breve. Beckett sabia, no entanto, o que esperava os críticos do regime. Na opinião dos estudiosos, este seria um dos motivos de ele economizar comentários mais longos contra o nazismo em seus diários.
O interessante ao ler o relato de Erika Tophoven sobre a passagem de Beckett por Berlim é poder acompanhar os passos de um escritor ainda desconhecido, que viria a se tornar um dos expoentes da literatura do século 20, por uma cidade que ­– menos de dez anos depois ­– viria a ser inteiramente bombardeada. Um Beckett que não conhecemos numa Berlim desaparecida.

Tradutora como guia

Beckett chegou a Berlim depois das Olimpíadas de 1936. Cerimônia de inauguração em 01/08/1936, no Lustgarten, na Ilha de Museus

É espantosa a minúcia com que Beckett enumera as obras apreciadas nos museus, os bares e restaurantes pelos quais passou, os pratos que experimentou, os autores alemães que leu pela primeira vez, como Gottfried Keller e Hermann Hesse, com os quais não se mostrou nem um pouco satisfeito.
O livro Berlins Beckett é interessante por oferecer subsídio histórico, em fatos e imagens, às anotações do escritor (mantidas em parte em inglês), além de sempre remeter à sua obra, quando pertinente.

Samuel Beckett, em setembro de 1967, durante ensaios de 'Fim de Jogo' no Schiller Theater, em Berlim

Além de ter pesquisado os jornais locais, em parte lidos por Beckett no período passado em Berlim, de ter recomposto a imagem da cidade na década de 30, Erika Tophoven – que traduz Beckett para o alemão há mais de 35 anos, em parte com seu marido, Elmar Tophoven – reconstrói a estadia berlinense como uma tradutora, sem ofuscar as palavras do autor com demasiadas informações de fundo.

O Mito Cacilda Becker



Cacilda Becker Yáconis nasceu em Pirassununga (SP) e desde muito cedo conheceu as dificuldades da vida. Quando seus pais, Alzira Yáconis Becker e Edmundo Radamés Becker, se separaram, ela e as irmãs, a também atriz Cleide Yáconis e Dirce ficaram com a mãe. Foram morar em Santos, e apesar da falta de recursos, Cacilda conseguiu fazer os estudos de balé, e se formou professora. Mudou-se, então, para São Paulo, mas foi trabalhar como escriturária numa firma de seguros.

Aos 20 anos, foi para o Rio de Janeiro disposta a iniciar a carreira de atriz e conquistou uma oportunidade no Teatro do Estudante, em uma montagem de Hamlet, dirigida por Paschoal Carlos Magno. Começou a afirmar-se profissionalmente já nessa época, 1941, na companhia de Raul Roulien. Junto com Laura Suarez, interpretou "Trio em Lá Menor", de Raimundo Magalhães Jr.

Dois anos depois, Cacilda Becker regressou a São Paulo. Fez rádio-teatro para sobreviver, mas era no palco que ela mostrava a sua extraordinária capacidade de trabalho. Entrou para o Grupo Universitário de Teatro, fundado por Décio de Almeida Prado e participou de três montagens: "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente; "Irmãos das Almas", de Martins Pena e "Pequeno Serviço em Casa de Casal", de Mario Neme.

Voltou novamente ao Rio para trabalhar com "Os Comediantes", grupo inovador no panorama teatral brasileiro. Dirigida por Ziembinski, participou da remontagem da peça "Vestido de Noiva", de Nélson Rodrigues, em 1946, ao lado de Olga Navarro e Maria De La Costa.
 Em 1948, o Teatro Nacional Popular, no Rio de Janeiro, foi fundado por Maria Della Costa, com Ziembisnky no elenco. Cacilda, em São Paulo, ingressou no Teatro Brasileiro de Comedia (TBC). Também passou a lecionar interpretação na recém inaugurada Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD).

Em pouco tempo se tornou a primeira atriz do TBC. Entre os principais trabalhos dessa fase estão "Seis Personagens à Procura de um Autor", de Luigi Pirandello; "Anjo de Pedra", de Tennessee Williams, e "Antígona", de Sófocles e de Anouilh. No cinema trabalhou em "A Luz dos Meus Olhos" (1947) e "Floradas na Serra" (1954).

O TBC entrou em declínio a partir de 1955. Os diretores italianos que o fundaram regressaram à Europa, enquanto os atores mais famosos abriram suas próprias companhias. Cacilda fundou a sua, ao lado dos atores Walmor Chagas, seu marido, de Ziembinski, e de sua irmã Cleide Yáconis que também iniciara carreira no TBC e se firmava como atriz de talento. O grupo encenou peças como "Longa Jornada Noite Adentro", de Eugene O'Neill, e "A Visita da Velha Senhora", de Durrenmatt. Atuou ainda em "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf", de Albee, sendo especialmente lembrada por sua "Maria Stuart", de Jonnan Schiller.
Os efeitos da ditadura militar sobre a atividade teatral fazem surgir uma Cacilda Becker militante das causas de sua classe. Demitida da TV Bandeirantes, sob a alegação de que suas interpretações são subversivas. A atriz assume a presidência da Comissão Estadual de Teatro de São Paulo, lugar que enfrenta a repressão em defesa dos direitos dos artistas e produtores. Quando, em 1968, o espetáculo Primeira Feira Paulista de Opinião sofre 71 cortes de censura no dia do lançamento, a atriz surge no proscênio e se responsabiliza pela apresentação do texto na íntegra, em um ato de rebeldia e desobediência civil. Sua convicção faz com que os censores e agentes federais presentes no teatro acatem sua decisão e assistam ao espetáculo.
Com a nomeação de Abreu Sodré para o Governo de São Paulo, Cacilda assumiu a Presidência da Comissão Estadual de Teatro em 1968. Durante sua gestão, fez grandes conquistas e participou ativamente na luta contra a ditadura. Sua frágil aparência contrastava com a garra com que defendia seus ideais, seus amigos e o teatro.

Voltou a representar, sob a direção de Flávio Rangel, o vagabundo Estragon de "Esperando Godot", de Samuelç Beckett, ao lado de Walmor Chagas e de seu filho Luís Carlos Martins, que estreava no teatro. Em 6 de maio de 1969, durante uma apresentação, sofreu um derrame cerebral em consequência do rompimento de um aneurisma. Morreu aos 48 anos, depois de 38 dias em coma no Hospital São Luís, em São Paulo.

Sobre sua morte, se manifestou o poeta Carlos Drummond de Andrade:
"A morte emendou a gramática.
Morreram Cacilda Becker.
Não era uma só. Era tantas....

Era uma pessoa e era um teatro.
Morrem mil Cacildas em Cacilda"

Do Blog MINHA VISÃO GERAL 

O SILÊNCIO DESCE SOBRE CACILDA

Publicado na Folha de S. Paulo, domingo, 15 de junho de 1969

quarta-feira, 18 de julho de 2012

RUY CASTRO: Fã de botequim


O jornalista e escritor Ruy Castro deixou a vida noturna para privilegiar a literatura, mas nem por isso abandonou o gosto pela comida de boteco, gordurosa e apimentada

Por Cláudio Fragata
O jornalista e escritor Ruy Castro não quer ser um gourmet. Prefere botecos a restaurantes e gosta mesmo de comida "heavy metal", com muita gordura e pimenta. No entanto,em seus bons tempos de boemia, nas décadas de 60 a 80, a principal atração dos bares, boates e restaurantes que frequentava no Rio - como os antológicos Antonio's, Jangadeiros, Veloso, Zepelim, Lamas, Helsingor e outros que marcaram a noite carioca - era a qualidade do papo das pessoas que não saíam deles. Além das musas, claro. Dono de um estilo inconfundível, que equilibra informação, humor e ironia, Ruy iniciou a carreira jornalística em 1967, como repórter do Correio da Manhã, no Rio de Janeiro, passando em seguida por algumas das principais redações do país, como as de Manchete, Jornal do Brasil e, desde o primeiro número, do célebre semanário O Pasquim, resistência de inteligência e do humor contra a ditadura militar. Marcou também a imprensa paulista, atuando na Playboy, Folha de S,Paulo, Estadão etc. Hoje é colunista da Folha, escrevendo às 2as., 4as., 6as. e sábados. 
    Ruy se mudou para São Paulo em 1979 e logo descobriu o roteiro da boemia, frequentando do Spazio Pirandello ao 150 Night Club, da Baiúca ao Bar do Alemão, chegando até a ser homenageado no menu do Pauliceia 22 com a "sopa de aspargos à Ruy Castro". Já bebeu muito - diz ele que, com o primeiro salário, comprou um LP importado do jazzista Fats Waller e uma garrafa de Red Label -, até perceber que havia desenvolvido dependência, da qual só saiu com internação clínica, em 1988. E, desde então, nunca mais bebeu uma gota de álcool. 
    Em 1996 voltou para o Rio, de cujos becos, ruas e avenidas é íntimo. Foi na década de 90 que começou a escrever biografias que ficaram clássicas, como as de Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Mesmo sem beber, Ruy continua gostando de botequins, mas agora em horários mais vespertinos. E ainda dorme tarde, mas porque gasta suas madrugadas assistindo a clássicos do cinema em DVD. 
    É casado há mais de 20 anos com a escritora Heloísa Seixas, que gosta de fotografar Ruy se deliciando à mesa dos lugares a que vão. Recentemente ele realizou uma de suas maiores fantasias gastronômicas: traçou uma buchada de cabrito acompanhada de feijão-de-corda, maxixe e pirão, na Barraca da Chiquita, na Feira dos Nordestinos, no bairro de São Cristóvão. "Só não comi tudo porque fiquei com medo de morrer - estava absolutamente genial!", confessa. A cena pantagruélica foi devidamente registrada pelas lentes de Heloísa. 
Há alguma "história gastronômica" curiosa relacionada aos personagens que biografou: Carmen Miranda, Nelson Rodrigues, Garrincha e o pessoal da bossa nova? 
Com quem já teve a honra de dividir a mesa? 
Qual a maior dificuldade para reconhecer o limite entre o "beber por prazer" e o alcoolismo? 
Qual a cena que mais presenciou na mesa de um bar ou restaurante...?

Iiiih, isso vai entrar pela MADRUGADA

segunda-feira, 16 de julho de 2012

ANTONIO GRAMSCI



Nascido em Ales, na ilha da Sardenha, em 1891, numa família pobre e numerosa, Antonio Gramsci foi vítima, antes dos 2 anos, de uma doença que o deixou corcunda e prejudicou seu crescimento. Na idade adulta, não media mais do que 1,50 metro e sua saúde sempre foi frágil. Aos 21 anos, foi estudar letras em Turim, onde trabalhou como jornalista de publicações de esquerda. Militou em comissões de fábrica e ajudou a fundar o Partido Comunista Italiano em 1921. Conheceu a mulher, Julia Schucht, em Moscou, para onde foi enviado como representante da Internacional Comunista. Em 1926, foi preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Ficou célebre a frase dita pelo juiz que o condenou: "Temos que impedir esse cérebro de funcionar durante 20 anos". Gramsci cumpriu dez anos, morrendo numa clínica de Roma em 1937. Na prisão, escreveu os textos reunidos em Cadernos do Cárcere e Cartas do Cárcere. A obra de Gramsci inspirou o eurocomunismo – a linha democrática seguida pelos partidos comunistas europeus na segunda metade do século 20 – e teve grande influência no Brasil nos anos 1970 e 1980. 
Co-fundador do Partido Comunista Italiano, Antonio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda no século 20. Embora comprometido com um projeto político que deveria culminar com uma revolução proletária, Gramsci se distinguia de seus pares por desacreditar de uma tomada do poder que não fosse precedida por mudanças de mentalidade. Para ele, os agentes principais dessas mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes, a escola. 

ACESSO AO CÓDIGO DOMINANTE

O terreno da luta de hegemonias é a sociedade civil, que compreende instituições de legitimação do poder do Estado, como a Igreja, a escola, a família, os sindicatos e os meios de comunicação. Ao contrário do pensamento marxista tradicional, que tende a considerar essas instituições como reprodutoras mecânicas da ideologia do Estado, Gramsci via nelas a possibilidade do início das transformações por intermédio do surgimento de uma nova mentalidade ligada às classes dominadas. 
Na escola prevista por Gramsci, as classes desfavorecidas poderiam se inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização. A construção de uma visão de mundo que desse acesso à condição de cidadão teria a finalidade inicial de substituir o que Gramsci chama de senso comum – conceitos desagregados, vindos de fora e impregnados de equívocos decorrentes da religião e do folclore. Com o termo folclore, o pensador designa tradições que perderam o significado, mas continuam se perpetuando. Para que o aluno adquira criticidade, Gramsci defende para os primeiros anos de escola um currículo que lhe apresente noções instrumentais (ler, escrever, fazer contas, conhecer os conceitos científicos) e seus direitos e deveres de cidadão.

ELOGIO DO “ENSINO DESINTERESSADO”

Uma parte importante das reflexões de Gramsci sobre educação foi motivada pela reforma empreendida por Giovanni Gentile, ministro da Educação de Benito Mussolini, que reservava aos alunos das classes altas o ensino tradicional, “completo”, e aos das classes pobres uma escola voltada principalmente para a formação profissional. Em reação, Gramsci defendeu a manutenção de “uma escola única inicial de cultura geral, humanista, formativa”. Para ele, a Reforma Gentile visava predestinar o aluno a um determinado ofício, sem dar-lhe acesso ao “ensino desinteressado” que “cria os primeiros elementos de uma intuição do mundo, liberta de toda magia ou bruxaria”. Ao contrário dos pedagogos da escola ativa, que defendiam a construção do aprendizado pelos estudantes, Gramsci acreditava que, pelo menos nos primeiros anos de estudo, o professor deveria transmitir conteúdos aos alunos. “A escola unitária de Gramsci é a escola do trabalho, mas não no sentido estreito do ensino profissionalizante, com o qual se aprende a operar”, diz o pedagogo Paolo Nosella. “Em termos metafóricos, não se trata de colocar um torno em sala de aula, mas de ler um livro sobre o significado, a história e as implicações econômicas do torno.”

PARA PENSAR

Muitos pensadores clássicos da educação, entre eles Comênio (1592-1670) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), subordinavam o processo pedagógico à natureza. A própria evolução das crianças daria conta de grande parte do aprendizado. Gramsci tinha outra idéia. "A educação é uma luta contra os instintos ligados às funções biológicas elementares, uma luta contra a natureza, para dominá-la e criar o homem ‘atual’ à sua época", escreveu. Você concorda com ele ou considera equivocada a tese de que a cultura distancia o homem da natureza? Ou será possível conciliar as duas correntes de pensamento?
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terça-feira, 10 de julho de 2012

“CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA”



por Flávio Aguiar

O irmão mais moço, Jaime, de GABRIEL GARCIA MARQUEZ (84 anos) confirma: o escritor ESTÁ PERDENDO A MEMÓRIA, e não consegue mais escrever. É uma perda imensurável, para a literatura e para o jornalismo. Garcia Marquez, que ganhou o prêmio Nobel, deixou sua marca indelével na cultura mundial com livros como “Cem anos de solidão”, de 1967, que teve excelente tradução para o português do Brasil, por Eliane Zagury, logo em seguida. 

Houve mais: “Ninguém escreve ao coronel”, “Memória de minhas putas tristes” (último romance), “O amor nos tempos do cólera”, “O outono do patriarca”, “Crônica de uma morte anunciada”, e muito ainda. Criador da cidade fantástica e imaginária Macondo (ele revelou certa vez que uma das suas fontes inspiradoras para a criação dessa cidade foi a também imaginária Santa Fé, de “O tempo e o vento”, de Erico Verissimo, a literatura de Garcia Marquez, além de ser de altíssima qualidade, ajudou gerações de latino-americanos que mergulhavam nas sombrias ditaduras dos anos 60 e 70 a reencontrarem alguma forma de esperança. E tão importante quanto sua literatura ficcional, foi seu empenho jornalístico, cobrindo a América Latina, os Estados Unidos, chegando até o Vietnã ainda fumegante da guerra com os Estados Unidos. Que Gabo, como é conhecido entre os amigos, permaneça em paz neste que parece ser o portal de seu último empenho pela vida.

Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

DARCY RIBEIRO – Minhas Peles.



“'Quem sou eu?' Às vezes me comparo com as cobras, não por serpentário ou venenoso, mas tão-só porque eu e elas mudamos de pele de vez em quando. Usei muitas peles nessa minha vida já longa, e é delas que vou falar.
A primeira de minhas peles que vale a pena ser recordada é a do filho da professora primária, Mestra Fininha, de uma cidadezinha do centro do Brasil.
Outra saudosa pele minha foi a de etnólogo indigenista. Vestido nela, vivi dez anos nas aldeias indígenas do Pantanal e da Amazônia.
Não os salvei e esta é a dor que mais me dói. Apenas consolam algumas poucas conquistas, como a criação do Parque Indígena do Xingu e do Museu do Índio, no Rio de Janeiro.
Pele que encarnei e encarno ainda, com orgulho, é a de educador, função que exerço há quatro décadas. Essa, de fato, foi minha ocupação principal desde que deixei etnologia de campo.

Eu investia contra o analfabetismo ou pela reforma da universidade com mais ímpeto de paixão que sabedoria pedagógica. Não me dei mal. Acabei ministro de educação de meu país e fundador e primeiro reitor da Universidade de Brasília.
Outra pele que ostentei e ostento ainda é a de político. Sempre fui, em toda a minha vida adulta, um cidadão ciente de mim mesmo como um ser dotado de direitos e investido de deveres. Sobretudo o dever de intervir nesse mundo para melhorá-lo.
Com a pele de político militante fui duas vezes ministro de Estado, mas me ocupei fundamentalmente foi na luta por reformas sociais, que ampliassem as bases da sociedade e da economia, a fim de criar uma prosperidade generalizável a toda a população.
Fracassando nessa luta pelas reformas, me vi exilado por muitos anos e vivi em diversos países. Minha pele de proscrito foi mais leve do que poderia supor.
Meu ofício naqueles anos foi de professor de antropologia e, principalmente, reformador de universidades. Disto vivi.
No exílio, devolvido a mim, me fiz romancista, cumprindo uma vocação precoce que me vem da juventude.
1971 - Exílio na Venezuela


Só no meu exílio, nos seus longos vagares, tive ocasião e desejo de novamente romancear.
De volta do exílio, retomei minhas peles todas. Hoje estou no Brasil lutando pelas minhas velhas causas: salvação dos índios, educação popular, a universidade necessária, o desenvolvimento nacional a democracia, a liberdade. No plano político, fui eleito vice-governador do Rio de Janeiro e depois senador da República.
Essas são as peles que tenho para exibir. Em todas e em cada uma delas me exerci sempre igual a mim, mas também variando sempre.”
Texto de Darcy Ribeiro publicado em 1995 no livro de sua autoria O Brasil como Problema.

Última pele - Senador da República

Darcy Ribeiro nasceu em 26 de outubro de 1922 em Montes Claros (MG), no Vale do São Francisco, entrada do sertão nordestino. Falece em 17 de fevereiro de 1997. No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente a organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de educação a distância, e a Escola Normal Superior, para a formação de professores de 1º grau.
RECONHECIMENTO
Como reconhecimento de sua importância, Darcy foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Paris IV - Sorbonne, Universidade de Copenhague, Universidade da República do Uruguai e Universidade Central da Venezuela.

A EDUCAÇÃO E A POLÍTICA – NA FERIDA!

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