sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Hilda Hilst

DO DESEJO


E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.

(Do Desejo - 1992)



Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

( Do Desejo - 1992)

“A escrita de Hilda Hilst tece tão fundo, desdobra com tanta altivez as máscaras do literário, que se assemelha a um desnudamento.” – José Castelo

Veja como ficou a pretensa capa Do Desejo e a caricatura da poeta que, segundo José Castelo, “desdobra com tanta altivez as máscaras do literário, que se assemelha a um desnudamento.”

Criação e Arte - Capas de Livros

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