quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Fabrício Carpinejar



“Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar uma ideia ou uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe se abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de noite com o sal grosso de sua nudez. Que feche meu corpo quando sair de casa, que descosture meu corpo quando voltar. Que brigue pelo meu excesso de compromissos, que me fale barbaridades sob pressão e ternuras delicadíssimas ao despertar. Que peça desculpa depois do desespero e me beije chorando. A mulher que ninguém quer eu quero. Contraditória, incoerente, descabida. Que me envergonhe para respeitá-la. Que me reconheça para nos fortalecer.
O premiadíssimo Fabrício Carpinejar é poeta, jornalista e mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, além de coordenador e professor do curso de Formação de Escritores e Agentes Literários da Unisinos. Filho do casal de poetas Maria Carpi e Carlos Nejar, nasceu na cidade gaúcha de Caxias do Sul em 1972.
Obras:
Caixa de sapatos, As Solas do sol, Diário de um apaixonado, Filhote de cruz credo, Canalha!, Mulher perdigueira, entre outros. Carpinejar já ganhou 17 prêmios, dentre eles o Jabuti e alguns internacionais.

Um comentário:

zanzando na rede disse...

Fabrício é tão estranho e "assustador" que quando o vejo na televisão ou pessoalmente palestrando, me dá um medo cruel de que ele faça alguma loucura do tipo tirar as calças e mostrar o pau...

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