TEXTO ORIGINAL, QUE DEFENDE A LIBERDADE DE IMPRENSA, FOI ESCRITO EM 1939 PARA O JORNAL LE SOIR RÉPUBLICAIN
O jornal francês Le Monde publicou um texto inédito do filósofo Albert Camus. O manifesto escrito há 73 anos aborda a liberdade de imprensa em situações de guerra.
O debate foi levantado por Camus enquanto a França vivia o temor de uma invasão nazista apoiada por jornalistas, intelectuais e políticos. A versão original do artigo foi escrita para a edição de 27 de novembro de 1939 do Le Soir républicain, publicação argelina, de uma página, que circulava diariamente.
Por defender a autonomia da imprensa, o texto e o jornal foram censurados. No manifesto, o autor de clássicos, como "O Estrangeiro" e "A Peste", destaca os mandamentos da liberdade jornalística: lucidez e rebeldia.
Mesmo sendo escrito há mais de sete décadas, o manifesto também relata questões atuais da imprensa em tempos de paz. O processo de recuperação do texto foi feito pela colaboradora do Le Monde, Macha Séry. A íntegra do texto, em francês, pode ser lida no site do Le Monde.
Em vários pontos do texto, Camus exalta a liberdade de forma irônica. “É difícil hoje em dia defender a liberdade de imprensa sem ser tachado de extravagante, acusado de ser uma Mata-Hari ou de se comportar como um sobrinho de Stálin”.
Desafiando as regras de um país regido pela censura, Camus afirma também que os autoritários não têm gosto pela ironia e cita, por exemplo, Adolf Hitler. Em tom de indignação, o filósofo culpa a falta de inteligência humana para absolver questões de maneira realista. “Um jornalista livre, em 1939, não aposta muito na inteligência daqueles que o oprimem. É pessimista no que se refere ao homem. Uma verdade anunciada num tom dogmático é censurada nove entre dez vezes; a mesma verdade, se dita em tom jocoso, não mais do que cinco entre dez… Essas são as possibilidades da inteligência humana…”.
Além de filósofo, Albert Camus também foi escritor, romancista, ensaísta, e dramaturgo. Atuou também como jornalista militante engajado na Resistência Francesa e nas discussões morais do pós-guerra. Suas obras deixaram profundas marcas na história do pensamento humano. Entre suas principais obras estão “A Morte infeliz”, “Reflexões sobre a guilhotina”, de 1947, e “o homem revoltado”.
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