terça-feira, 10 de maio de 2011

José do Patrocínio


Começou a redigir: “Fala-se na organização de uma sociedade protetora dos animais. Tenho pelos animais um respeito egípcio. Penso que eles têm alma, ainda que rudimentar,  e que têm conscientemente revoltas contra a injustiça humana. Já vi um burro suspirar depois de brutalmente espancado por um carroceiro que atulhava a carroça com carga para uma quadriga, e que queria que o mísero animal a arrancasse do atoleiro...” Não terminou a palavra nem a frase – Um jato de sangue jorrou-lhe da boca. O “Tigre do Abolicionismo” – pobre e desamparado – morria, imerso em dívidas e mergulhado no esquecimento. 

COM O CORAÇÃO NOS LÁBIOS
"Se fosse possível reunir todos os artigos, todos os discursos, com que Patrocínio atacou a escravidão e seus defensores, o livro em que ficassem compendiados esses libelos seria o mais belo poema da Justiça [...]". Olavo Bilac.
O filho do padre João Carlos Monteiro e de sua escrava de 13 anos, Justina Maria do Espírito Santo, nascido em Campos em 1853, conhecido oficialmente como José Carlos do Patrocínio, que era Zeca para os amigos, Zé do Pato para o povo, Proudhomme para os combatentes da abolição, foi um homem complexo que viveu na fronteira de mundos distintos, se não conflitivos. A começar pela fronteira étnica: pai branco, mãe negra, um mulato, como se dizia na época, cor de tijolo queimado, em sua própria definição. Depois, a fronteira civil: mãe escrava, pai senhor de escravos e escravas. A fronteira do estigma social, a seguir: oficialmente registrado como exposto, só mais tarde constando o nome da mãe, nunca legalmente reconhecido pelo pai. Mais: a fronteira entre o mundo interiorano em que se criou e viveu até os 15 anos e o mundo da corte em que exerceu a atividade profissional e política. Ainda: a fronteira intelectual de uma formação superior mas de baixo prestígio, a de farmacêutico, convivendo com a formação dos bacharéis em direito, medicina e engenharia. Por fim, a fronteira entre o reformismo e o radicalismo políticos.
Quem foi José do Patrocínio?
A marca dessas determinações variadas, às vezes contraditórias, combinava-se em Patrocínio com um temperamento apaixonado e explosivo. Momentos de grande cólera eram seguidos de outros de imensa ternura. Sua reconhecida generosidade era tisnada por acusações de desonestidade e venalidade feitas com insistência pelos inimigos...
CONHEÇA A HISTÓRIA DE LUTA DO NOSSO “PROUDHON”, OU, “ZÉ DO PATO”.  

3 comentários:

Juliana Ferret disse...

Lendo na internet que as editoras estão cada vez mais distantes dos conteúdos de qualidades e cada vez mais surfistinha&Hary Potter, lembrei deste blog porque agora a pouco vendo(de tudo!) uma coluna de mídia(mais TV)falando do peido que a atriz suzana vieira deu e comemorou numa mesa chic da barra da tijuca... Pois bem, tem lá no "cheiroso" post, 263 (tinha!) COMENTÁRIOS!
Um amigo tem uma sensacional revista eletrônica sobre cultura geral e os comentários estão como o deste incrível PICINEZ, uma letrinha aqui, uma palavrinha ali.
Vocês são abnegados, talentosos e amam o que fazem, MESMO!
Que pena.

Nanael Soubaim disse...

Este merecia o próprio nome em dinheiro, para um evento temático exclusivo.

Salgado Maranhão disse...

Neto, meu querido, dá orgulho e alegria ver a qualidade do seu trabalho e a sua consciência. Abração, Salgado Maranhão.

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