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“Claraboia”, o romance que José Saramago escreveu mas nunca quis publicar em vida.
Isabel Coutinho
A partir deste mês de Outubro será publicado, em Portugal e no Brasil, “Claraboia”, o romance que José Saramago escreveu mas nunca quis publicar em vida. A Editora Leya já colocou o e-book à venda por 9, 99 euros na Mediabooks Leya. Pode ser adquirido a partir daqui http://www.mediabooks.com/.
“Claraboia é a história de um prédio com seis inquilinos sucessivamente envolvidos num enredo. Acho que o livro não está mal construído. Enfim, é um livro também ingénuo, mas que, tanto quanto me recordo, tem coisas que já têm que ver com o meu modo de ser”, disse sobre ele o escritor.
A Fundação José Saramago enviou um comunicado onde explica a origem do romance: “‘Claraboia’, o romance que José Saramago escreveu antes de entrar num tempo de silêncio que durou quase 20 anos, e que, de alguma maneira, teve a sua origem na falta de respeito com que o autor se sentiu tratado. José Saramago, com 30 anos recém cumpridos, entregou o que supunha vir a ser o seu segundo romance a um amigo, com relações editoriais, que se encarregou de levá-lo a uma editora portuguesa. Que nunca o editou, decisão que Saramago poderia aceitar, mas nunca daquela forma, durante meses e anos não lhe responderam e, para além disso, não devolveram o original. Foi assim até quarenta anos depois, quando recebeu a insólita notícia de que ‘numa mudança de instalações se havia encontrado um manuscrito e que estariam muito interessados em publicar’. Saramago agradeceu a oferta mas, disse, já não é o momento, já passaram muitos anos. E não quis ver publicada ‘Claraboia’ em vida, ainda que tenha deixado escrito que os que lhe sobrevivessem poderia fazer o que pensassem conveniente.
E o conveniente é conhecer o primeiro Saramago, o que já era um grande escritor ainda que os meios de comunicação não falassem dele e as editoras recusassem os seus originais. A partir de Outubro, todos os leitores em português terão a possibilidade de desfrutar deste presente, desta pequena e madura jóia. Outros idiomas terão de esperar, ainda que talvez na primavera os leitores em castelhano, catalão e italiano, possam ter oportunidade de ter este livro de Saramago nas mãos, para aumentar a sua bagagem, para disfrutar com a grande literatura.”
Por sua vez o blogue “O Caderno de Saramago” (Outros Cadernos de Saramago) junta-se à iniciativa da publicação e cada dia deste mês publicará pequenos fragmentos. “Como se de um puzzle se tratasse, sem contar a história que ‘Claraboia’ narra, simplesmente como forma de estar, para apreciar as palavras, para permitir uma aproximação a um pensamento que já era brilhante e oportuno. E para conhecer a firmeza do seu pulso narrativo, a capacidade de criar personagens, de gozar da beleza da literatura e da vida.
A todos os leitores de Saramago, felicidades por este novo livro. Que foi escrito nos primeiros anos da década de 1950 para ser lido exactamente agora.”
http://www.ciberescritas.com/
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Isabel Coutinho é jornalista em Portugal
Um comentário:
O PRIMEIRO CONTATO
Certa vez, na ânsia de concluir um trabalho escolar, cercado de publicações dos mais variados autores e temas, e sem saber por onde começar despertei-me com um clique da minha esferográfica.
Eis que, como um “Deja Vu”, deparei-me com um antigo livro de contos em péssimas condições. O papel amarelado pelo tempo, perfurado por traças, empoeirado e suas páginas mal cheirosas.
A tinta usada em sua impressão ainda mantinha um bom contraste, o que o tornava legível.
Então, no volver furtivo e detalhado de cada página, eu descobri algo novo: textos envolventes com assuntos, embora de séculos atrás, tão atuais e familiares que passavam não só a mim, mas a quem quer que os lesse (leiam) uma profunda intimidade com o autor.
Agora eu já podia empunhar aquela, cujo clique não mais soava irritante, mas frugal.
Tudo era simples, evidente e claro. Eu não precisava mais daquela pilha de publicações, pois tudo estava ali, em cada cor, som, ou lembrança. Daquela ponta esferográfica, as palavras fluíram com naturalidade e deitavam em cada pauta com a suavidade de uma pétala que pousava sobre a relva.
Eu compunha com mais idéias, indeterminado, mais livre. Não havia motivo para se preocupar com “Lapsus Linguae”... Sim era minha primeira crônica. Agora eu sabia que poderia escrever sobre qualquer coisa.
*Cassius Barra Mansa é cronista machadense
Lapus Linguae = erros de linguagem
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