João Lins de Albuquerque
Antonio Olinto (Antonio Olyntho Marques da Rocha), 1919 nasceu em Ubá, e foi batizado no Piau, Minas Gerais, estudou Filosofia e Teologia nos seminários católicos de Campos, Belo Horizonte e São Paulo. Tendo desistido de ser padre, foi durante 10 anos professor de Latim, Português, História da Literatura, Francês, Inglês e História da Civilização, em colégios do Rio de Janeiro.
Quando o jornalista e escritor João Lins de Albuquerque perguntou ao mestre Antonio Olinto qual o segredo de seu vigor às vésperas de completar 90 anos, ele respondeu de pronto, sem pestanejar: “É o entusiasmo diante da vida!”.
Na obra Antonio Olinto, memórias póstumas de um imortal, um longo, franco e amoroso diálogo, João Lins desdobra o entusiasmo de Olinto e nos permite conhecer flashes da rica e intensa vida de um dos nossos últimos literatos à moda antiga, escritor profícuo, jornalista cultural incansável, crítico literário, autor de dicionários, gramática, literatura infantil, ensaios, contos, romances, poesias – e artista plástico naïf nas horas vagas.
O livro é uma homenagem ao ativista cultural que tanto batalhou pela divulgação da literatura brasileira, pelas raízes africanas e pela educação e, que, eleito para a Academia Brasileira de Letras, não se deitou sobre os louros da glória. Como artista, Antonio Olinto deixa uma obra vasta, incluindo a trilogia Alma da África, já inscrita na história da literatura brasileira, porque, como disse o crítico Wilson Martins em 1999, ele não fez “o romance dos escravos que vieram para o Brasil, mas o dos seus descendentes, que, regressando aos territórios ancestrais, lá implantaram um prolongamento da civilização brasileira”.
Essa maravilhosa contramão, que revelou um Brasil na África, mostra como uma tecnologia primitiva – o furar poço das fazendas escravocratas de Minas Gerais, como ele narra em A casa da água – quebrou o monopólio da água potável dos ingleses e estabeleceu uma elite brasileira em Lagos, Nigéria, com seus sobradões coloniais, seus nomes e sobrenomes portugueses, sua cultura peculiar.
Neste livro, sobressai a voz alegre e firme de Antonio Olinto, comemorando seus 90 anos de paixão pela vida e pelas letras, pela mulher amada – a dramaturga e etnógrafa Zora Seljan – e pelos amigos. O homem que, segundo o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, é “o mais abrangente escritor da nossa literatura”.
A mágica, nas palavras de Olinto, é simples: “O que mata e envelhece precocemente é a falta de entusiasmo e de amor, a ambição desenfreada, as frustrações, o desleixo e o ódio. São essas coisas que destroem o mundo e enfraquecem os homens”.
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