sábado, 14 de janeiro de 2012

O Romance Histórico de Marguerite Yourcenar


por Pedro Luso de Carvalho

Marguerite Yourcenar, pseudônimo usado Marguerite Cleenewerck de Crayencour, nasceu em 8 de junho de 1903, em Bruxelas e cresceu na França. Depois residiu na Itália, Suiça, Grécia e, por fim, nos Estados Unidos, em Mount Desert Island, no Maine, por cerca de 50 anos, onde se isolou com sua amiga Grace Frick , e onde faleceu, em 17 de dezembro de 1987.
Filha de pai aristocrata e culto, Marguerite Yourcenar pode receber uma educação especial, tendo sido orientada para o estudo de línguas clássicas e das civilizações mediterrâneas. Sentia-se atraída pelo latim, grego e pelo que havia ao seu alcance da produção artística e literária do mundo clássico. Esse fascínio mais tarde passaria para as suas obras de ficção, para as quais aplicava uma técnica que lhe era própria. Os romances de Yourcenar foram produzidos justamente tendo por base essa cultura clássica que acumulara, quase sempre voltada à História, que era sua seara, da qual resultou Memória de Adriano, em 1951, no qual imaginara esse imperador, no início do segundo século da era cristã, entre outros.

A DIFERENÇA ENTRE ROMANCISTA HISTÓRICO E HISTORIADOR.


 “O historiador tem diante de si todo um arsenal de fatos e de hipóteses que ele tem de nos apresentar com exatidão, com lucidez, e para os quais pode até, às vezes, nos deixar escolher a explicação mais aceitável. Tem de procurar saber tudo sobre o personagem de que fala, resistir a seus preconceitos pessoais, tentar honestamente ‘compreender’”. Explica, que o historiador não é obrigado a entrar dentro do homem em questão, para recriá-lo; e, vai mais longe ao dizer que ele, historiador, está proibido a fazer essa recriação, por não poder afastar-se dos fatos e de hipóteses. “Além do mais – diz a escritora – o historiador tem perfeitamente direito de dar, por exemplo, a imagem da batalha de Waterloo colocando-se nas perspectivas de 1971 – época em que concedeu essa entrevista -, às vezes é seu dever e seu mérito fazê-lo”.

Yourcenar diz que outra é a situação do romancista: “O romancista, ao contrário, como por exemplo fez Stendhal, nos faz mergulhar num 18 de junho de 1815 – aqui ela refere-se a batalha de Waterloo – em que não se sabia ainda quais seriam os resultados da batalha, nem mesmo se aquela série de combates informes iria algum dia se chamar de História a batalha de Waterloo. Por isso faço tanta questão de tentar recolocar os personagens na cronologia que foi a deles – como Adriano na Palestina pelo ano 884 da era romana e não no ano 136 da era cristã, que ele ainda não sabia que havia sido começado, para devolvê-lo a seu tempo próprio em vez de impor-lhe nosso tempo”.
A obra de Marguerite Yourcenar é extensa, ao todo 25 livros, mais da metade traduzida para o português, a partir de 1980. Os temas de seus livros passam pela história, pela arte, pela religião e pelo erotismo. As duas dimensões praticamente inseparáveis dos temas místicos que aborda, e que procura fazer sobressair-se na sua obra, são o profano e o sagrado.
Yourcenar cultuou com afinco a elegância da língua em sua prosa marmórea, articulada com clareza e sem suturas, apesar de concentradamente burilada, como requer o efeito final do texto “clássico” e é isso justamente que causa uma certa sensação de estranheza em mais de um leitor”. Foi a primeira mulher eleita para a Academia Francesa. Conforme disse, aceitou essa vaga apenas ‘por educação’.

Texto completo sobre a obra de Marguerite Yourcenar você encontra AQUI


Um comentário:

Cristina Macedo disse...

Belo blog! Parabéns!

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