sábado, 4 de agosto de 2012

JORGE AMADO - 100 Anos



Um dos maiores protagonistas da literatura brasileira, Jorge Amado é um escritor atemporal. Sua obra está publicada em mais de cinquenta países, sendo adaptada para o rádio, cinema, televisão e teatro, transformando seus personagens em parte indissociável da vida cultural brasileira.
As comemorações do centenário do escritor já começaram. Uma série de eventos está sendo acompanhada e divulgada por uma seleção de especialistas e pessoas próximas ao romancista. Esta comissão aprova e acompanha acontecimentos que envolvem desde livros inéditos, filmes e peças, além das homenagens ao escritor no carnaval de 2012.

 

 O primeiro e o último livro do amado “grapiúna”.

 

O país do Carnaval

Romance, 1931 | Posfácio de José Castello
Primeiro romance de Jorge Amado, O país do Carnaval faz um retrato crítico e investigativo da imagem festiva e contraditória do Brasil, a partir do olhar do personagem Paulo Rigger, um brasileiro que não se identifica com o país. 
     Filho de um rico produtor de cacau, Rigger volta ao Brasil depois de sete anos estudando direito em Paris. Num retorno marcado pela inquietação existencial, ele se une a um grupo de intelectuais de Salvador, com o qual passa a discutir questões sobre amor, política, religião e filosofia. Dúvidas sobre os rumos do país ocupam o grupo.
     O protagonista mantém uma relação de estranhamento com o Brasil do Carnaval, acredita que a festa popular mantém o povo alienado. Os exageros e a informalidade brasileira são motivo de espanto, apesar de a proximidade com o povo durante as festas nas ruas fazer com que ele se sinta verdadeiramente brasileiro. Aturdido pelas contradições, Rigger decide voltar para a Europa.
     Mestiçagem e racismo, cultura popular e atuação política são alguns dos temas de Jorge Amado que aparecem aqui em estado embrionário. Brutalidade e celebração revelam-se, neste romance de juventude, linhas de força cruciais de uma literatura que se empenhou em caracterizar e decifrar o enigma brasileiro.

O milagre dos pássaros

Conto, 1979 | Posfácio de Ana Miranda
Aconteceu na localidade de Piranhas, em Alagoas, às margens do rio São Francisco. Ali moravam o capitão Lindolfo Ezequiel e sua mulher, Sabô. O capitão era famoso por sua atividade de pistoleiro e por ser casado com a mulher mais desejada da região, o que lhe exigia vigor físico e o exercício da fama de matador.
     Certo dia, chegou ao lugar Ubaldo Capadócio, caboclo alto e de boa estampa que se destacava nas artes da literatura e da música popular: era autor de folhetos de cordel e, num forrobodó, tocava harmônica como ninguém. O poeta era requisitado nos quatro cantos para animar batizados, casamentos e até velórios. Além disso, era dado ao galanteio: arrebatava corações e mantinha duas famílias, uma na Bahia, outra em Sergipe, tinha três esposas e nove filhos.
     Em Piranhas, Ubaldo Capadócio caiu de amores pela mulher de Lindolfo Ezequiel. Desavisado, foi parar na cama de Sabô. E o capitão, que estava de viagem, voltou antes da hora. Para se safar dessa enrascada e virar tema de relato afamado, Ubaldo Capadócio precisou contar com a presença de numerosas testemunhas, muitos pássaros e uma ajudinha da Providência.
     Em O milagre dos pássaros, Jorge Amado transforma uma história consagrada oralmente em matéria literária. Narrativa breve, entre o conto e a novela, o texto é um episódio de traição e desonra típico da tradição popular do sertão nordestino.
     Com o humor e a habilidade narrativa que lhe são próprios, o escritor recupera e eterniza esse caso desabusado que ganhou a boca do povo e correu o sertão.



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