domingo, 20 de março de 2011

Fernando Morais


Biografia de Paulo Coelho revelou pressão de ministro (Zé Dirceu) por eleição na ABL, “invenções” na imprensa e até um “escravo” particular.
- "É tão ruim escrever sobre uma pessoa viva que eu anuncio que essa foi a primeira vez e é a última. Não quero mais passar pelo conflito ético que passei: temer que o que descobri e escrevi seja uma forma de trair a confiança de uma pessoa que foi tão aberta comigo. O livro tem passagens não exatamente edificantes de alguém que eu estava gostando, um sujeito generoso e afetivo. Paulo não impôs absolutamente nenhuma objeção a nada, então me perguntava qual era o limite. Minha sorte é que minha consciência se tranquilizou. Eu não tinha o direitro de submeter ao leitor uma censura que o próprio Paulo não tinha feito para mim" - desabafou Morais, em entrevista coletiva na tarde desta terça, via internet.
E a tensão do biógrafo ainda não chegou ao fim. Foi enviado a Paulo Coelho na última sexta-feira, o primeiro exemplar de "O Mago", que só foi recebido na segunda. Até esta tarde, o escritor de "O Alquimista" ainda não havia dado retorno sobre o que achou – entrevista concedida em 3/6/2008.
- A única condição para fazer o livro era que Paulo não leria os originais. Para minha surpresa, ele topou. Eu não poderia imaginar que teria um volume tão grande e tão dramático de informações. Isso me deixa numa situação de enorme ansiedade. Espero que ele goste, por que o livro é muito respeitoso.
Segundo o escritor, ter acesso "aos momentos mais obscuros da vida" de Paulo Coelho e, assim, ter descoberto "coisas muito graves e cabeludas", gerou um drama ético.
- "Ele está vivo, mora num prédio comum e o porteiro pode chegar nele e dizer Seu Paulo, você, hein" - diz.
Decidido a biografar uma figura internacional, antes de Paulo Coelho, Morais pensou em biografar Hugo Chávez, com quem tinha contato. Mas a biografia de Chávez, de Bob Fernandes, deveria sair ainda em 2008, o que impediu que Morais o fizesse.


Fernando Gomes de Morais (Mariana - MG, 1946) é um jornalista, ex-político e escritor brasileiro. Sua obra literária é constituída por biografias e reportagens.
Seu primeiro sucesso editorial foi A Ilha(Livro), relato de uma viagem a Cuba. A partir daí, abandonou a rotina das redações para se dedicar à literatura. Pesquisador dedicado e exímio no tratamento de textos, publicou biografias e reportagens que viraram best sellers no Brasil e em outros países, tornando-se um dos escritores brasileiros mais lidos de todos os tempos.
Em 2003, tentou uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas foi derrotado por (pasmem!) Marcos Maciel, ex-senador e ex-vice-presidente da República.
Fonte: Erika Azevedo - O Globo

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