sábado, 3 de setembro de 2011

Sergio Faraco



Nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1940. Entre os anos 1963 e 1965, viveu na União Soviética, tendo cursado o Instituto Internacional de Ciências Sociais, em Moscou. Mais tarde, no Brasil, bacharelou-se em Direito. Em 1988, seu livro A dama do Bar Nevada obteve o Prêmio Galeão Coutinho, conferido pela União Brasileira de Escritores ao melhor volume de contos lançado no Brasil no ano anterior. Em 1994, com A lua com sede, recebeu o Prêmio Henrique Bertaso (Câmara Rio-Grandense do Livro, Clube dos Editores do R.G.S. e Associação Gaúcha de Escritores), atribuído ao melhor livro de crônicas do ano. No ano seguinte, como organizador da coletânea A cidade de perfil, fez jus ao Prêmio Açorianos de Literatura – Crônica, instituído pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Sergio Faraco fala sobre Lágrimas na chuva, livro de memórias que acaba de sair em pocket.

 Por L&PM Editores
Em 1963, Sergio Faraco pertencia ao Partido Comunista Brasileiro. No final daquele ano, recebeu um convite para estudar em Moscou. A partir daí, ele embarcou em uma aventura enriquecedora, amarga e perigosa. Depois de uma série de conflitos com chefetes políticos ligados aos partidos brasileiros e soviéticos, Faraco foi internado em regime de reclusão, sob pesada bateria de medicamentos, numa clínica de "reeducação" russa. O relato desse período, que durou pouco mais de um ano (mas que marcaria para sempre o escritor), deu origem ao livro "Lágrimas na chuva". Lançado originalmente em 2002, ele agora chega à Coleção L&PM POCKET. 
L&PM: Você mencionou em outras entrevistas que, anos atrás, sempre que começava a escrever este livro, acabava tendo lembranças não muito agradáveis e parava de escrevê-lo. Depois que ele foi publicado sentiu algo como “um certo alívio” por finalmente ter conseguido contar essa história?
Sergio Faraco: Ela estava trancada em mim, embaraçando minha ficção e até minha vida, como se aquele período, enquanto não o desvelasse, fosse aos poucos perdendo sua concretude, tornando-se um tempo morto. Uma das dificuldades era retomá-lo sem rancor e outros sentimentos vis. Outra, a lembrança de que os primeiros rascunhos tinham sido usados pelos policiais da Interpol para me interrogar, o que os tornava pouco menos do que execráveis. Mas escrever a história, publicando-a, significou um lenitivo dir-se-ia parcial: faltou narrar o que aconteceu após meu retorno ao Brasil e isto, por motivos vários, até hoje não consegui e acho que não conseguirei.
L&PM: Alguma lembrança do tempo em que esteve na URSS estava adormecida e só veio à luz quando você estava escrevendo?
SF: Sim, mas não me recordo se, no contexto, eram episódios necessários ou contingentes. Certas lembranças, contudo, passaram a ser melhor interpretadas, concorrendo para que as personagens se tornassem mais íntegras. Em 2004, chegou às minhas mãos uma pasta com 50 páginas das primeiras versões da história, escritas provavelmente em 1965. Eu ainda estava doente, sob os efeitos dos medicamentos que me ministravam no Kremlovski Bolnitso [Hospital do Kremlin], e não compreendia plenamente o que acontecera nem o papel das pessoas que, em Moscou, tinham participado da minha vida. O livro colocou todas as coisas em seus devidos lugares.

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