15/08/1909, Rio de Janeiro (RJ)
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha perdeu a mãe aos três anos, passando o restante da infância e a adolescência sob cuidados de seus tios, em diferentes cidades ou fazendas do interior do Rio de Janeiro. Quando jovem, ingressou na Escola Militar, onde recebeu formação positivista, de oposição à monarquia.
Mas Euclides passaria pouco tempo na Escola Militar. Num gesto de indisciplina e de crítica à monarquia, durante uma comemoração, jogou no chão a arma que deveria apresentar à passagem do ministro da Guerra. Ao mesmo tempo, proferiu palavras contra a passividade dos colegas. Foi preso e expulso da escola, mas seu gesto ficou, entre os republicanos, como um símbolo de idealismo e coragem.
Entre a imprensa e a engenharia
Partiu, então, para São Paulo, onde passou a escrever no jornal A Província de S. Paulo. Proclamada a República, voltou à carreira militar, fazendo o curso de artilharia na Escola Superior de Guerra e, em seguida, os de estado-maior e engenharia militar, bacharelando-se em matemática e ciências físicas e naturais. Foi, então, promovido a primeiro-tenente.
Continuou atuando na imprensa, tratando de diferentes problemas do país. Apoiador de Floriano Peixoto, recusou, contudo, qualquer prêmio ou oferta de cargos, só aceitando o que era previsto em lei.
Em 1895, abandonou a carreira militar, tornando-se engenheiro civil. Dividia seu tempo, assim, entre a superintendência de obras do Estado e colaborações para o jornal O Estado de S. Paulo.
Em 1895, abandonou a carreira militar, tornando-se engenheiro civil. Dividia seu tempo, assim, entre a superintendência de obras do Estado e colaborações para o jornal O Estado de S. Paulo.
Depois de escrever, em 1897, dois artigos sobre a Guerra de Canudos, foi convidado a viajar até a Bahia, como correspondente de O Estado, e de lá relatar os acontecimentos. Graças a Os Sertões, Euclides foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Obras
A obra-prima de Euclides da Cunha, Os Sertões, de 1902, é livro pioneiro do modernismo brasileiro. Trata-se, segundo Antônio Houaiss, de "um livro inigualável pelo seu tema, de rara beleza e singular objetividade. É um painel do Brasil - gentes, terras, viver cotidiano na guerra e na paz".
Euclides deixou mais três livros: Contrastes e confrontos, de 1907, formado por estudos publicados, em sua maior parte, na imprensa, analisando diferentes temas; Peru versus Bolívia, de 1907, apresenta a defesa brasileira num pleito internacional; e, finalmente, À margem da história, obra póstuma, de 1909, o segundo livro de Euclides em importância, e trata, em grande parte, de problemas da Amazônia.
Há também a conferência "Castro Alves e seu tempo". Segundo Houaiss, "é trabalho pioneiro, cauteloso início de uma revisão. Um poeta fala sobre outro, superpondo a tudo o belo e lúcido panorama do período em que Castro Alves viveu, reabilitando a figura de Diogo Feijó e dando aos jovens uma lição de confiança no Brasil".
Bom escritor de cartas, Euclides também deixou centenas delas, reunidas por Walnice Nogueira Galvão e Oswaldo Galotti no volume Correspondência de Euclides da Cunha, da Editora da Universidade de São Paulo (1997).
Bom escritor de cartas, Euclides também deixou centenas delas, reunidas por Walnice Nogueira Galvão e Oswaldo Galotti no volume Correspondência de Euclides da Cunha, da Editora da Universidade de São Paulo (1997).
Enciclopédia Mirador Internacional; Cadernos de Literatura Brasileira, Instituto Moreira Salles, números 13 e 14.
Caricatura: João de Deus Netto – Blog Picinez
2 comentários:
Caro Picinez: dei uma espiada no seu blog. Muito criativo. Parabéns. Vou adicioná-lo na minha relação de favoritos.
Abraços
Muito bom, Netto:
Trabalho profissional que nos deixa orgulhoso de compartilhar aqui na internet.
Cecília Meireles... Tenho musicado muita coisa dela, só por passatempo... RENOVA-TE é das que mais gosto.
Um abraço fraterno,
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